Pesquisadores e representantes de comunidades discutem a situação dos quilombolas no Brasil


Por em 23 de fevereiro de 2016



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o professor Alfredo Wagner fala aos participantes do encontro

A Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), em parceria com o projeto Nova Cartografia da Amazônia realizam, nos dias de ontem (22) e hoje (23), no auditório do prédio dos cursos de Arquitetura e Música – Praia Grande, o “Encontro Final: processo de validação do acervo digital referente às comunidades quilombolas do Brasil”.

Coordenado pelos professores pesquisadores Cynthia Carvalho Martins, Alfredo Wagner Almeida, Rosa Elizabeth Marin e Emmanuel de Almeida, o encontro que envolve professores, pesquisadores e membros de diversas classes sociais, visa montar um banco de dados, que servirá como referência para alimentar informações que irão subsidiar consultas sobre as questões quilombolas em todo o Brasil.

Segundo a professora Cynthia, nesse banco estarão registradas as áreas de conflitos, as áreas já reconhecidas pela Fundação Cultural Palmares, as que estão aguardando a desapropriação, e as desapropriadas. O banco reunirá, também, documentos do Ministério Público, do Senado Federal, do Supremo Tribunal Federal e de outras instituições brasileiras.

A professora acrescentou, ainda, que essas informações são dados importantes no que diz respeito aos quilombos do País nas diversas épocas de sua existência, e estão sendo debatidas por representantes de comunidades dos estados do Maranhão, Pará, Tocantins, Mato Grosso, Minas Gerais, Piauí, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Na verdade, o Projeto como um todo, acontece em três instâncias: a primeira é a montagem do Banco de Dados; a segunda será a publicação de 8 livros escritos pelas próprias comunidades; e a terceira fase é a realização de um curso de Formação em Sistema de Informações Geográfica, que será oferecido entre os dias 24 e 26 deste mês, no UEMANET – Campus Paulo VI, São Luís –, para lideranças de comunidades quilombolas e pesquisadores.

Os livros, que já estão em fase final de montagem, registram fatos históricos que aconteceram e acontecem nessas comunidades. São eles: Brejo dos Criolos: processos sociais, identidade e resistência; Direitos, Resistência e Mobilidade: a luta dos quilombolas de Alcântara contra a Base Espacial; Luta pelo controle de Várzea do Rio Arari e violências praticadas por civis e militares contra os quilombolas; Trilhas Percorridas por uma Militante Quilombola: vida, luta e resistência; Lideranças quilombolas dos rios Arari e Gurupá “Diante da Lei”; Lutas em Memória: a luta pela ‘terra’, reforça a luta em defesa dos ‘territórios’ quilombolas; e Nice Guerreira: mulher, quilombola e extrativista da floresta.

De acordo com o pesquisador Alfredo Wagner, mais de 20% das terras nacionais são dos quilombolas, no entanto, essas propriedades não são tituladas. “Ao fazer esse trabalho, conquistaremos o reconhecimento jurídico e cultural da expressividade desses povoados, que conquistarão também algo que o sistema de ensino esqueceu, que é a história desses grupos, pré-abolição e pós-abolição. Então, considero uma oportunidade muito boa de se abrir uma discussão de direitos territoriais das comunidades quilombolas no Brasil”, enfatizou Wagner.

Texto: Alcindo Barros

Foto: Edson Costa



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