Professor da UEMA realiza estudos sobre tráfico de escravos da África para o Maranhão


Por em 6 de março de 2018



IMG-20180306-WA0014Uma importante pesquisa está sendo realizada pelo professor do Curso de História da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Reinaldo dos Santos  Júnior, lotado no Centro de Estudos Superiores de Caxias, no Arquivo Público e no Tribunal de Justiça do Maranhão, sobre a importação de escravos africanos nos idos de 1794, como parte do projeto transnacional, intitulado Slave Wrecks Project. O estudo conta, ainda, com a participação dos acadêmicos Thalita Costa Souza, Esmeralda Lima, Mayra Silva e Brenda Araújo Ramalho, através do projeto PIBIC Internacionalização.

No período de 6 a 9 deste mês, Reinaldo e os alunos bolsistas pretendem visitar também a comarca de São Luís-Itapecuru, com o objetivo de reunir os inventários que constam escravos da região de Caxias e Aldeias Altas, visando localizar esse grupo de pessoas, se eram moçambicanos ou não, e onde poderiam estar situados, considerando a possibilidade de localizar, nos dias de hoje, alguma comunidade descendente desses moçambicanos.IMG-20180306-WA0015

Conforme explica o professor, em novembro de 2009, foi descoberto na costa sul africana, restos do navio São José Paquete de África, naufragado em 1794, com uma grande carga de africanos escravizados que, em sua documentação náutica, identificava como ponto de destino a capitania do Maranhão, norte da América Portuguesa. “Aqui temos a contrapartida brasileira de tentar compreender o percurso do São José, os proprietários da embarcação nas duas regiões (Moçambique e circunvizinhanças e a capitania maranhense), bem como entender parte do processo diaspórico como um todo e a formulação de identidades africanas ou, minimamente, perceber e destacar os locais de vivência e seu impacto econômico e social para a região”, declara Reinaldo.

 Nesse trabalho, o pesquisador pretende descobrir a realidade sobre a migração forçada de escravos da África para as Américas, especificamente de Moçambique para o Maranhão, por meio do navio São José, que naquela viagem, trazia uma carga com uma população entre 400 e 500 homens e mulheres escravizados.

“Na verdade, em minha pesquisa devo coletar, primeiramente, documentos que estão no Arquivo Público e no Tribunal de Justiça do Maranhão. Esses documentos me darão respaldo sobre a vida escrava dessas pessoas, quem eram seus proprietários, o sexo deles, se casados ou não, suas idades, e quais seus ramos de trabalho. Isto nos ajudará a localizar os escravos moçambicanos em nosso estado”, aponta o professor Reinaldo.IMG-20180306-WA0016

O professor revela, ainda, que sua pesquisa tem uma importância muito grande porque demonstra um dos principais movimentos migratórios que aconteceram naquela época no mundo, no que se refere ao tráfico de escravos, no qual o Brasil recebeu cerca 4 milhões e oitocentos mil africanos.

De acordo com estudiosos, estima-se que 11 milhões de homens e mulheres tenham sido levados da África para plantações no continente americano, entre os séculos XVI e XIX, e mais de 600 navios negreiros naufragaram nas travessias entre a África e a América.

Estão envolvidos nos estudos, além da Universidade Estadual do Maranhão, os seguintes organismos: Museums of South Africa (IZIKO), The George Washington University, The South African Heritage Resources Agency (SAHRA), e o serviço de Parques dos Estados Unidos. Posteriormente, adicionou-se como um importante parceiro o The Smithsonian Institution’s National Museum of African American History and Culture.

Texto: Alcindo Barros



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