II Ciclo de Bate Papo Sobre Linguagens acontece no Campus Caxias


Por em 22 de novembro de 2019



IMG_2892O Campus Caxias da Universidade Estadual do Maranhão realizou, dia 19 de novembro, uma das etapas do II Ciclo de Bate Papo Sobre Linguagens, cujo tema foi “O texto no mundo online: questões para a linguística textual”, conduzido pelo Prof. Dr. Franklin Oliveira Silva, da UESPI (Universidade Estadual do Piauí).

Franklin abordou pontos como as dificuldades surgidas com o advento da internet e a necessidade de adaptação aos recursos tecnológicos e o uso deles na educação. “É uma temática importante para os professores de Letras, pois tem a ver com a formação desse professor e com o texto. As transformações estão acontecendo e precisamos nos adaptar a elas. Nossas escolas estão atrasadas e os professores também. Muitas questões são discutidas como se ainda estivéssemos no século 20 ou 19”, disse.

Na questão de temporalidade, ele citou que as escolas funcionam como se fossem do século 19, os professores, do século 20 e os alunos, do século 21. É preciso equilibrar isso, encontrar uma sintonia entre esses elementos. Atualmente trabalha-se com o texto usando a linguagem comunicativa. O mundo online projetou no offline o que se chama letramentos digitais. A realidade da sala de aula é nova e exige constante transformação

“A Linguística Textual é uma ramificação da Linguística que tem o texto como objeto específico. Dentro disso há o estudo dos gêneros textuais. Quando você pega um uber, usa o celular para pagar uma conta, envia um e-mail e realiza outras práticas sociais que pedem uso da internet, está fazendo parte do letramento digital. A influência dos fenômenos textuais do mundo online no off-line. Aos poucos migramos para o computador e muitos não se adaptaram. Surgiram letramentos digitais que servem como instrumento de trabalho para o professor”, explicou.

Alguns dos fenômenos que o mundo online influenciou foram : o uso da linguagem (a pontuação exige uma leitura mais atenta), a ortografia (criticada por muitos professores), siglas,  abreviaturas, estruturas frasais.  Surgiu uma mistura de linguagens no mundo online, como os memes (união de imagem, cor e porção verbal). Alguns gêneros têm se apresentado em formatos que já existiam,(um meme em formato de quadrinhos ou de texto publicitário).

Um dos gêneros trabalhados pelo professor Franklin é o meme, que ainda não está totalmente estabelecido e tem demonstrado uma característica que parece ser incoerente. “Parece que, com a internet, cada pessoa tem um microfone para falar o que quiser. Os que produzem memes não fazem isso à toa. Ao mesmo tempo em que querem participar da rede em sua individualidade, fazem isso para se manter conectadas , ser curtidas, compartilhadas. Os memes não estão isolados, avulsos. Aparecem relacionados a outros, os textos estão interligados. Nem todos reconhecem um meme, é preciso saber o que o gerou, por que as pessoas riem dele. São uma linguagem nova, que pede uma nova experiência de letramento”, falou.

Em sala de aula, o meme é uma oportunidade de discussão: “No início o professor deve falar dos fenômenos que circulam no texto para depois retomá-lo na tentativa de produzir outro texto”.

Como usuários da língua, identificamos gêneros estabilizados (um cardápio, um rótulo etc). O meme é diferente. Tem existência virtual, na mente e no mundo online. Não faria sentido um meme impresso, pois isso eliminaria a sua característica de viralização. Pessoas não especializadas podem elaborar um meme (diferente de um prontuário médico, que se destina a algo específico e só é compreendido por quem se identifica com aquela linguagem). No mundo online, mais do que compartilhar, as pessoas modificam o sentido da mensagem original.

 Por Emanuel Pereira



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