O Maranhão Agrário: dinâmicas e conflitos territoriais


Por em 20 de julho de 2020



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Uma análise sobre os conflitos socioterritoriais maranhense de 2001 a 2015

A complexidade das diversas formas adquiridas pela questão agrária brasileira e as relações de poder existentes nesses territórios geraram conflitos agrários que apesar das transformações sociais e econômicas das últimas décadas continuam acentuadas no Brasil. No Maranhão, estado com a população mais rural do país, envolve um alto número de famílias que lutam para voltar ou permanecer na terra, mesmo com todas as barreiras impostas pelo capital em diferentes momentos da história.

Diante dessa realidade, o pesquisador Ronaldo Barros Sodré realizou um estudo intitulado “O Maranhão Agrário: dinâmicas e conflitos territoriais”, resultado da sua dissertação no Programa de Pós-Graduação em Geografia, Natureza e Dinâmica do Espaço da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) que teve a orientação do professor José Sampaio de Mattos Júnior que coordena o Grupo GEDITE e o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioespacial e Regional (PPDSR).

O estudo objetivou analisar os conflitos socioterritoriais como parte estruturante de elementos que contemplam a questão agrária maranhense no período de 2001 a 2015, buscando ainda, identificar as regiões potencialmente conflituosas no Maranhão e chamar atenção para o avanço das estruturas conflituosas sobre os territórios camponeses, a partir das novas/velhas relações de trabalho no campo.

Para alcançar os objetivos propostos, preliminarmente foram levantados, analisados e discutidos referenciais que tratam sobre território (e seus processos), questão agrária, violência, conflitos agrários, entre outros. Além disso, foram confeccionados mapas, levando em consideração a Cartografia Geográfica Crítica.

De acordo com o pesquisador Ronaldo Sodré o estudo apresenta um retrato  da questão agrária no Maranhão, detalhando e mapeando diversas áreas específicas, tais como: de agronegócio, do sul e leste do Estado, da Amazônia legal maranhense, da nova fronteira agrícola denominada Região do Matopiba que abrange o Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, da baixada até a reunião do Alto Parnaíba.

“É um trabalho de grande importância para o Estado do Maranhão, pois resultou em um levantamento inédito, nunca houve uma pesquisa com essa quantidade de dados e com esse recorte temporal (2001-2015), enfatizando que o Maranhão deve olhar com mais atenção para essas questões a fim de realizar medidas que minimizem esses aspectos, com a formulação de políticas públicas. Outro ponto que é importante destacar é que como fruto desse estudo tivemos várias publicações de artigos em revistas conceituadas e em capítulos de livros nacionais e internacionais”, concluiu o pesquisador.

Como resultados da dissertação destaca-se que os conflitos por terra são elementos paradoxais da questão agrária brasileira, geradores de desenvolvimento rural e de dinâmicas territoriais. Desde o início do século XXI, o estado do Maranhão quantifica os maiores números de casos de conflitos por terra do país. Embora eles estejam espalhados por todo o estado, é na região Leste, área de ocupação antiga e de expansão do agronegócio que os conflitos atingem os maiores quantitativos.

Por Karla Almeida



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