Pesquisadora da UEMA integra grupo de cientistas responsável pela criação da rede de apoio a biólogas na área de Zoologia


Por em 4 de março de 2021



2019-02-16 20.02.28

O grupo reúne mulheres da Biologia do Brasil inteiro e tem o intuito de combater a desigualdade presente na ciência

A pesquisadora sênior do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ambiente e Saúde da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) Campus Caxias, Thaís Guedes, está participando do grupo pesquisadoras da área de Biologia que montou uma rede de apoio à participação de mulheres na ciência.

A rede tem foco na Zoologia, parte da Biologia que estuda os animais, e que tem pouca representação feminina. O artigo científico que deu origem ao projeto tem mais de 500 participantes de todo o mundo.

O artigo das mulheres zoólogas é uma resposta a outro trabalho que pontuou que mulheres pesquisadoras prejudicavam as suas orientandas mulheres. A partir disso, elas decidiram se organizar para demonstrar que as mulheres são sistematicamente prejudicadas na ciência, e propor ações para dar mais visibilidade aos seus trabalhos e motivar outras mulheres a fazerem o mesmo.

“De maneira geral, as mulheres são muito menos reconhecidas (por motivos diversos) que seus colegas homens pelo trabalho que fazem, resultando em menos mulheres em posições de destaque nas diversas áreas da ciência. As mulheres cientistas passam por muito mais situações de preconceito e desvantagens ao longo de suas carreiras que seus colegas homens. Dessa forma, as mulheres que conseguem manterem-se na carreira científica fazem isso apesar das inúmeras situações que as deixam emdesvantagem. Não é uma situação equilibrada. Por isso, se uma mulher cientista não conseguir dar condições suficientes de sucesso às suas orientadas tanto quanto homens cientistas conseguem, não é uma falha inerente à mulher: é um problema sistemático. E deve ser combatido como tal”, apontou Veronica Slobodian, professora da Universidade de Brasília que coordena o artigo científico de lançamento da rede “Mulheres na Zoologia”.

“Essa situação de desigualdade é ainda mais gritante quando falamos do estudo dos animais: a sociedade (e até parte dos cientistas) não espera que mulheres consigam ir para o meio de florestas, matas e rios coletar animais; isso faz com que mulheres sejam especialmente apagadas nesta área da biologia e, frequentemente, assediadas quando vão à campo”, complementa Verônica, que trabalha com o estudo dos peixes.

Para Thaís Guedes, que desde a infância é fascinada por animais, é preciso que as mulheres estejam unidas  a fim de minimizar as desigualdades na zoologia e na academia.

“Ao longo da carreira, percebi que era uma das poucas mulheres na minha área, muitas garotas são desencorajadas de estudar animais por diversos motivos. Assim, resolvi começar a ministrar palestras tentando inspirar e capacitar garotas e mulheres a serem pesquisadoras em zoologia. Afinal, acredito que a zoologia também é espaço para mulher!”, explica a pesquisadora, que também é doutora em Biologia Animal.

No Brasil, por mais que mulheres sejam autoras em mais de 70% dos artigos científicos publicados, elas ainda ocupam menos posições de poder – são menos vistas como professoras de universidades e à frente das sociedades científicas. Na Sociedade Brasileira de Zoologia, por exemplo, a primeira mulher eleita presidente foi apenas no ano de 2012, após 34 anos da Sociedade  ser presidida por homens.

A rede “Mulheres na Zoologia” pretende facilitar a troca de comunicação entre pesquisadoras, unindo esforços que se apresentavam espalhados na área. A rede de colaboração elabora pesquisas acerca da desigualdade de representatividade e visa propor iniciativas para equilibrar o cenário. Mais informações sobre a rede podem ser encontradas no Instagram @mulheresnazoologia.

O artigo que abre a rede (Why we shouldn’t blame women for gender disparity in academia: perspectives of women in zoology) pode ser encontrado neste link: https://zoologia.pensoft.net/article/61968/ ou aqui.

As autoras são as seguintes pesquisadoras: Veronica Slobodian, Karla D.A. Soares, Rafaela L. Falaschi, Laura R. Prado, Priscila Camelier, Thaís B. Guedes, Laura C. Leal, Annie S. Hsiou, Glaucia Del-Rio, Eliza R. Costa, Karla R.C. Pereira, Annelise B. D’Angiolella, Shirliane de A. Sousa, e Luisa M. Diele-Viegas.

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