UEMA realiza pesquisa sobre modelos para implantação de povoamentos da madeira mogno africano como forma de recuperar áreas degradadas


Por em 22 de abril de 2021



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Hoje o mogno africano é considerado um bom investimento de longo prazo para aqueles que buscam diversificar seus investimentos. O mogno africano produz uma madeira nobre apreciada no mercado europeu e norte americano. Essa planta tem conquistado cada vez mais as paisagens rurais brasileiras pelo alto valor agregado de seu produto final e a alta produtividade quando a floresta é bem manejada, assim como para recuperaão de áreas degradadas.

Pensando nisso, a Universidade Estadual do Maranhão, por meio do Programa de Pós Graduação em Agricultura e Ambiente, realizou a pesquisa “Modelos para a Implantação de Povoamentos de Mogno Africano para Pequenas Propriedades da Região Oeste Maranhense”. O objetivo foi avaliar os efeitos da consorciação de culturas agrícolas (feijão-caupi, milho e mandioca) sobre a sobrevivência, o crescimento de mogno africano e o impacto econômico e ambiental em área degradada na região citada.

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A pesquisa foi realizada pelo professor Fábio Figueiredo e o orientando Filipe Rezende Lucena, inclusive originando a dissertação do aluno. Especificamente, o trabalho foi voltado para três questões: a recuperação de áreas degradadas, o potencial da silvicultura no estado do Maranhão e o desenvolvimento socioeconômico dos pequenos e médios produtores.

Segundo o Prof. Fábio Figueiredo, “os sistemas agroflorestais apresentam como vantagens o uso múltiplo dos solos, com a diversificação de culturas agrícolas, florestais e animais em um mesmo espaço e ao mesmo tempo, ou de forma alternadas. Essa diversificação contribui para a diversificação da renda bem como para a segurança alimentar da população nas áreas rurais”.

Ele, ainda complementou: “de fato, o uso de espécies florestais para a recuperação de áreas degradadas é uma ótima opção dentro da propriedade e o Mogno africano, espécie de grande valor agregado, além de contribuir com a recuperação do solo é um produto que vai gerar um aporte financeiro para o produtor”.

O projeto teve início em 2018 e foi finalizado em fevereiro de 2021 e aconteceu em uma propriedade rural no município de Porto Franco, região Oeste Maranhense, a aproximadamente 718km da capital São Luís.

A pesquisa foi realizada pelo sistema de produção silviagrícola, na qual foi inserido o modelo taungya, que considera a introdução de culturas agronômicas nos primeiros anos após implantação do cultivo florestal. O trabalho foi composto por três tratamentos: T1 – Plantio convencional (plantio puro de mogno africano); T2 – Sistema taungya composto por mogno africano + milho + mandioca; e T3 – Sistema taungya composto por mogno africano + feijão + milho + mandioca. No primeiro ciclo do tratamento T2 foi plantada a variedade de milho híbrido CD 384PW, e no segundo ciclo a cultura da mandioca jabuti (Manihot suculenta), já para formação do tratamento T3, foi realizado um ciclo com feijão-caupi (Vigna unguiculata), e posteriormente um ciclo com milho e um ciclo com mandioca das variedades já mencionadas, onde as culturas agronômicas tiveram toda produção levada a venda em mercado local. Foram avaliadas as seguintes características para cultura do feijão: produtividade de vagens verdes; comprimento médio de vagem; peso de vagem; número médio de grãos por vagem; produtividade total; massa seca de parte aérea.

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As características observadas para produção de milho verde foram: altura de plantas; produtividade de espiga com e sem palha; peso de espigas com e sem palha; porcentagem de espigas comerciais; comprimento, diâmetro e peso de 20 espigas comerciais por parcela.

Os dados agronômicos para cultura da mandioca foram: estande final, altura de plantas, diâmetro de caule e produtividade de raízes. Foram também analisadas as características químicas, físicas e microbiológicas do solo ao longo de 12 meses. O mogno africano foi avaliada quanto a taxa de sobrevivência, e os dados biométricos para altura (m) e o diâmetro do colo (mm). Durante todo o período avaliativo foram elaboradas planilhas dos custos de implantação dos sistemas, para posterior análise econômica e comparação com as receitas e despesas dos diferentes sistemas de manejo estudados.

Como resultado, os pesquisadores chegaram aos seguintes resultados: O crescimento inicial do mogno africano (Khaya ivorensis) em altura foi superior quando cultivado em consorcio com feijão e milho; houve um aumento na densidade de bactérias totais no solo na área cultivada com feijão.

Além disso, nos sistemas de taungya, o cultivo e venda das culturas agrícolas foram capazes de amortizar em 20,63% e 25,23%, respectivamente para o tratamento 2 (mogno africano + milho + mandioca) e tratamento 3 (mogno africano + feijão + milho), o custo total de implantação e manutenção do plantio florestal no período avaliado. Contudo, ao retirar os custos de atividades manuais para o agricultor familiar, que utiliza mão de obra própria, o consórcio de mogno com milho e mandioca resultou no menor custo final, com uma redução de 65,57% em relação ao cultivo puro.

De acordo, com as dimensões alcançadas pelas plantas de Mogno africano (aos 2 anos), o espaçamento adotado (3×3 metros) permitirá que o consórcio com espécies agrícolas possa ser mantido por mais tempo, o que poderá contribuir com o aumento da amortização do investimento inicial.

“A UEMA tem papel fundamental no desenvolvimento da agricultura maranhense. Além dos cursos de graduação em Agronomia, Zootecnia e Veterinária, temos os Programas de Pós Graduação em Agricultura e Ambiente no Município de Balsas, o de Agroecologia, o Ciência Animal e o Defesa Sanitária Animal em São Luís. E de fato os pesquisadores da UEMA tem desenvolvido grandes e importantes trabalhos para o benefício da sociedade maranhense”, finalizou o professor.

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Sobre a madeira do mogno africano

É muito usada na produção de móveis. Muitos apreciam o material pela facilidade com que é trabalhado, pela estabilidade e duração. Depois de polida, a madeira apresenta um aspecto castanho-avermelhado brilhante que chama atenção pela beleza. O mogno é usado em mobiliário de luxo, objetos de adorno, painéis, acabamentos internos, entre outros. E aproveitado também na produção de instrumentos musicais, principalmente em guitarras e violões, pelo timbre característico e ressonância sonora, que tende ao médio-grave.

Por: Paula Lima



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