Edição do UEMA Literatura deste domingo apresenta poemas


Por em 14 de novembro de 2021



                                                         

O projeto UEMA Literatura deste domingo (14) traz os poemas “Minha língua”, de autoria de Wilson Chagas, poeta e professor, graduado em Letras pela UEMA e “Intenções”, de autoria de Francisco Wellington, acadêmico do curso de Geografia, UEMANet Polo Vitorino Freire.

 

Poema – Minha língua, por Wilson Chagas

(Homenagem ao Dia Internacional da Língua Portuguesa)

 

Haja luz

para essa língua

– única e diversa –

que une e separa

e não para

– pura reinvenção –

ponte de além-mar.

 

Com quantos portugais se faz um brasil?

Uma Carta, um terço, mil tratados e broquéis?

Mil falares, tantos pesares, diáspora e um céu Anil?

Navegantes, caciques, degredados, políticos e coronéis?

 

Caravelas, cocares azuis,

cavalos, papagaios amarelos

ocas, carruagens, tabas e castelos.

Beatos, piratas, índios nus…

Escambo e exploração

Missa e escravidão.

 

Do silêncio e sol, se fez gesto

do gesto e espanto, fez-se verbo

tornou-se prosa e verso

diverso, reverso

nesse universo

em que as palavras

têm peso de ouro, madeira,

papel, espada, chumbo

e escrevem a história do mundo.

 

Se há fronteiras que segregam,

Há um sentimento que nos une.

Uma “saudade” que é só nossa

feito “banzo” de irmão negro

que o branco prende e pune.

Não se escreve o que se fala;

O que precisa ser dito, às vezes cala,

fere o corpo feito bala,

E quando bem-diz, o peito embala.

 

Se Camões e Florbela amores cantam,

o mesmo amor mal-diz Gregório.

Pessoa e Rosa, a roda e a rosa encantam,

Da culta língua, Bilac faz-se ourives em oratório.

 

Do Lácio, última flor, lusa-esperança;

Da América, único brado, forte.

Se de lá, ficaram o laço e o norte.

Aqui, o Pendão auriverde vibra e balança.

 

Dialeto em dialética

sem amarras, com estética.

Bárbara, clássica, alforria;

dinâmica, democrática, com ética;

vida, voz, vez e luta,

faz-se povo e poesia.

Poema – Intenções, por Francisco Wellington

 

Ela tinha segundas intenções

e eu terceiras: casamento, filhos

e uma casinha de sítio

com alpendre para nos sombrear.

 

Ciente disso ela foi embora

realizar seu sonho

mundo afora,

dançar.

 

 

 



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