Campus Itapecuru Mirim faz história: Das lutas por libertação à Licenciatura em Educação Quilombola/ Proetnos


Por em 11 de outubro de 2023



                   

Em 1839, o município de Itapecuru Mirim foi um dos epicentros do movimento de luta por autonomia e libertação do Maranhão conhecido por Balaiada. O histórico movimento de aquilombamento foi marcado pela resistência à estrutura de opressão que excluía quilombolas, camponeses e demais despossuídos da formação da territorialidade maranhense. Em 2023, o município reescreve a história, a luta por igualdade agora é junto com a Universidade.

É com a Universidade Estadual do Maranhão (Uema), por meio do Programa de Formação Docente para a Diversidade Étnica (Proetnos), que o Estado do Maranhão responde à demanda histórica quilombola de Itapecuru Mirim. Que já contou, no início desse semestre, com a conquista de mais uma turma da Licenciatura em Educação Quilombola, esta que é uma experiência pioneira no Brasil.

A aula inaugural contou com a participação da gestão do Campus, professora Thallita Karoline Serra e demais lideranças locais como o Secretário de Igualdade Racial e aluno do curso Joel Marques e a participação da vice- coordenadora geral do Proetnos, professora Tatiana Reis.

Na última sexta-feira (06), a Coordenadora Geral do Proetnos/Uema, professora Marivânia Furtado e o Coordenador Pedagógico do Programa, professor Sérgio Roberto Nunes estiveram no Campus Itapecuru Mirim para dar boas-vindas à nova turma. Além da celebração da conquista dos novos alunos, houve também importantes diálogos e alinhamentos junto à gestão local do Campus.

                     

“Nós, que somos oriundos também do interior do estado do Maranhão, da baixada maranhense, com uma forte presença de quilombolas, caboclos e caboclas que até um tempo atrás não tinham a menor possibilidade de estar dentro de uma universidade, quando entramos nesses espaços e ocupamos essas estruturas de poder, temos um grande desafio, lutar e fazer mais pela transformação a partir da estratégia poderosa que é o diploma. E assim, construir outra forma de sociedade e de sociabilidade em que a discriminação, o machismo, racismo e o elitismo sejam substituídos por igualdade e respeito”, disse a Coordenadora Geral Marivânia Furtado aos novos alunos.

A aluna Elinalva Moreira, do território quilombola Outeiro dos Nogueiras, expressou o quanto a experiência na primeira Licenciatura em Educação Quilombola do Brasil tem permitido vislumbrar portas e oportunidades outras para a o exercício da docência.

                           

“Essa experiência está nos ofertando portas para que sejamos docentes, mas não docentes sem uma compreensão do que foi o nosso povo, das dificuldades e tudo aquilo que nos foi negado. É o momento de estarmos em sala para tentar reverter, pois o colonialismo nos excluiu da história. Mas hoje, a Universidade é também o nosso espaço e os espaços de poder e decisão também nos pertencem. A partir desse Curso (Licenciatura em Educação Quilombola) nós vamos estar mais qualificados para lutar pelo nosso povo, principalmente pelas mulheres negras que são invisibilizadas. É uma experiência única que nos faz despertar”, afirmou a aluna Elinalva Moreira.

Representado nos municípios de Itapecuru Mirim e São Bento, o Maranhão é pioneiro em Licenciatura em Educação Quilombola no Brasil. A Uema por meio desses campi está formando duas turmas em São Bento e uma turma em Itapecuru Mirim. São 84 alunos (as) quilombolas de distintas comunidades dessas regiões em formação. É o Maranhão avançando na inclusão e garantindo a diversidade étnica dentro da Universidade.

Informações fornecidas pelo PROETNOS 



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