Curso de Ciências Sociais do Campus Caxias cria Grupo de Pesquisas


Por em 15 de julho de 2025



Foi realizado, no dia 10 de julho, no Auditório Leôncio Magno, Uema Campus Caxias, o lançamento do GEPINE (Grupo de Estudos e Pesquisas Interseccional em Educação, Raça, Gênero e Educação Especial Inclusiva). A iniciativa foi do Curso de Ciências Sociais e recebeu o apoio da Direção do Campus.

 

                                                                                 

A professora Cléia Maria Lima Azevedo, Chefe do Departamento de Ciências Sociais e Filosofia, disse: “Temos a responsabilidade de formar acadêmicos em Ciências Sociais. Com certeza, o trabalho desse grupo, que vai gerar novas contribuições, a partir de agora. Hoje é o ponto inicial de todos os trabalhos. Muita coisa será produzida para o Curso. Bem vindos!”, saudou.

A Profa. Dra. Elizete Santos, Diretora do Curso, falou: “Este grupo é vinculado ao CNPq. A importância de um grupo de pesquisas é porque a gente se fortalece. É acreditar que nossa estada aqui não é só estatística. Não agrega só docentes e discentes da instituição que o cria, mas de outras também. É estudar, triangular, participar e fazer eventos científicos. Uma pesquisa daqui pode dialogar com uma de mestrado ou doutorado de outro lugar. Minha perspectiva é que façam uma trajetória da graduação para a pós-graduação”, explicou.

                                                                               

Na primeira mesa, mediada pela Profa. Dra. Elizângela Martins (Uema Caxias), foi tratado o tema “Educação em Direitos Humanos & Diversidades”, com a Profa. Dra. Maria do Socorro Borges da Silva, da UFPI (Universidade Federal do Piauí): “Nossa humanidade precisa voltar à perspectiva matriarcal. O processo de escravização foi tão doloroso que esquecemos do colo da mãe. Onde a humanidade, constituída de saberes ancestrais, do saber feminino, dos mais velhos, foi se perdendo? A maior violência de gênero é a mercantilização dos corpos nesse sistema”, disse a professora Socorro.

Na segunda mesa foi abordado o assunto “Educação Especial e Inclusiva”. A mediadora foi a Profa. Me. Benigna Couto (Uema Caxias). A palestrante foi a Profa. Dra. Jéssica Rodrigues Santos (Uema Caxias): “A inclusão começa na atitude e a educação inclusiva é ampla. No Egito Antigo uma pessoa com deficiência era vista como um objeto mercadológico. No Brasil o trilhar histórico é lento (por 300 anos a pessoa foi vista como bizarra). Na ascensão do Cristianismo a deformidade física era vista como da alma também”, explicou a professora Jéssica.

Ela prosseguiu: “Vivemos 500 anos na obscuridade. Os arcabouços legais surgiram há pouco tempo. Sobre igualdade de gênero, as mulheres ainda precisam lutar muito. E quanto à lesão que causa a deficiência, o problema está na forma como a sociedade olha essa lesão. Não devemos olhar apenas o biológico, mas para o espaço social ocupado pela pessoa com deficiência”, acredita.

                                                                             

Na parte da tarde houve a mesa “Educação e Gênero”, com Nando Fernandes Rodrigues da Silva (enfermeiro especialista em saúde mental e membro do Comitê Municipal LGBTQIAPN +) e a Profa. Ma. Claudilena Araújo (IFMA/Caxias – Instituto Federal do Maranhão. O mediador foi o acadêmico de Ciências Sociais, Taylo Miguel Araújo dos Santos.

“Conversar sobre gênero na educação é incluir. Quando se fala em gênero, o pensamento vai para aprisionamento, ficamos em caixas. Se não tenho acesso à educação por causa da cor da pele ou opção sexual, fico em uma caixa”, citou. Para ele, o estereótipo é o senso comum. “Somos canais de educação. Se sou um professor com vários preconceitos, vamos criar pessoas que pensam da mesma forma. A educação nos liberta do senso comum”, enfatizou Nando Fernandes.

Ainda sobre esse tema se manifestou a professora Claudilena (IFMA-Caxias): “Não nascemos para ser escravizados. Precisamos construir essas identidades numa relação dialética. A maioria das mulheres têm uma necessidade terrível de ficar reafirmando que é competente. O magistério foi feminilizado, mas as mulheres estão nas séries iniciais. Quando aumenta o nível de ensino o número delas diminui, é uma contradição. O magistério ajudou na emancipação, mas não ocupa espaços de poder”.

Na segunda mesa da tarde, mediada pela Profa. Dra. Valdênia Guimarães Menegon(UFPI) foi debatido o assunto “Educação e Raça“, Uma das falas foi de Karina Muniz, psicóloga do Iema (Instituto Estadual do Maranhão-São Luís): “O conteúdo acadêmico nasce de um lugar que é do senso comum e , depois do que é empírico levamos para a perspectiva científica. Quando, no Ensino Infantil, é dito para nós que fomos colonizados (pensamos identidade), isso faz diferença no Ensino Superior”, situou.

Logo depois falou a pedadoga Me. Rodvânia Macedo (UFMA), sobre o mesmo tema: “Não dá para falar sobre educação e raça sem citar a desigualdade. A educação foi tirada do negro que, mesmo depois de liberto, não podia estudar. Isso tem um impacto sócio econômico, pois a educação é uma mola que gera ascensão social. É preciso criar outro viés, voltado para a igualdade racial. Isso pode ser feito com: ações pedagógicas; trabalhando a identidade (educação formal nas escolas); movimentos sociais (para que toda reinvindicação do movimento negro se torne uma política pública) e com ações afirmativas”, sugeriu ela.

A professora Valdênia Menegon também se manifestou: “Temos que louvar a iniciativa de criar esse grupo de pesquisas. Temos uma sociedade racializada, onde negros e indígenas são discriminados. Os povos derivam da África. Temos que ter, além de letramento racial, a consciência racial”, destacou.

No encerramento, houve uma homenagem para as professoras Izaura Silva e Mundinha Araújo. Elas foram criadoras e militantes de movimentos e grupos voltados para a educação e para a defesa dos direitos dos negros. Izaura Silva fundou o Grupo de Estudos da Cultura Negra em Caxias. Mundinha Araújo é fundadora do Centro de Cultura Negra do Maranhão e do Bloco Afro Akomabu. Fizeram uma trajetória que inspiram as ações dos que são engajados atualmente nessa causa. Amigos, ex-alunos e integrantes de entidades ligadas a esse movimento participaram da ação. A Diretora do Campus, Profa. Dra. Valéria Cristina Soares Pinheiro, também esteve presente.

Por: Emanuel Pereira/Campus Caxias 



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