IX Colóquio de Ciências Sociais debate legado de Florestan Fernandes na Uema Campus Caxias


Por em 10 de novembro de 2025



           

A Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Campus Caxias, realizou, entre os dias 4 e 6 de novembro, o IX Colóquio de Ciências Sociais, que nesta edição teve como tema “A atualidade do pensamento de Florestan Fernandes”. O evento, coordenado pela Profa. Dra. Danielle Ribeiro (Uema/PPGEC), reuniu pesquisadores, docentes e discentes em torno de debates sobre o papel da Sociologia na compreensão crítica da sociedade brasileira. As atividades aconteceram no Auditório Leôncio Magno e em diversas salas do campus.

A abertura contou com a participação da Profa. Cléia Maria de Azevedo, chefe do Departamento de Ciências Sociais e Filosofia, que destacou a importância da iniciativa. “Damos boas-vindas a todos. Nossa história tem como marca esse evento”, afirmou.

             

Representando a Diretora do Campus, Profa. Dra. Valéria Cristina Soares Pinheiro, a Profa. Márcia Santos ressaltou o papel da universidade pública como espaço de reflexão e crítica: “A universidade pública é um local para discutir conhecimento, partilhar o saber. Florestan Fernandes fundou a Sociologia Crítica. Sairemos daqui mais conscientes”, disse.

Antes da conferência inaugural, o público acompanhou uma apresentação cultural com o instrumentista Nonato Cruz. Em seguida, foi ministrada a conferência de abertura “A contribuição de Florestan Fernandes na história das Ciências Sociais brasileiras”, pela Profa. Dra. Helciane de Fátima Abreu Araújo (Uema São Luís/PPGCSPA), com mediação da Profa. Dra. Arydimar Gaioso.

           

Durante sua fala, a professora Helciane enfatizou o compromisso de Florestan com a formação de pesquisadores e a difusão do conhecimento sociológico: “A pretensão dele era formar sociólogos pesquisadores. Não escrevia apenas para a academia, mas também para as gerações mais novas, levando o conhecimento das Ciências Sociais para o ensino secundário”, observou.

No segundo dia, o debate continuou com a mesa-redonda “Educação e Sociedade no Brasil”, composta pelos professores Dr. Cláudio Rodrigues da Silva (Uema Timon/PPDSR), Dra. Arilda Fortunata Arboleya (UFPI/PPGS) e Dra. Georgyanna Andréa Silva Morais (Uema Caxias/PPGE).

Para a professora Arilda, Florestan Fernandes se tornou um dos pilares da Sociologia brasileira por ter transformado a educação pública em bandeira de luta: “Ele via a desigualdade como elemento estruturante da sociedade brasileira e acreditava que a educação era o caminho da mudança”, afirmou.

             

Ainda na programação, foram realizados os minicursos “História da Ciência Política”, ministrado pelo Dr. Bráulio Roberto de Castro Loureiro (Uema São Luís), e “Pesquisa em territórios de movimentos sociais: apontamentos metodológicos sobre a experiência com o Zapatismo”, com o Dr. Cláudio Rodrigues da Silva (Uema Timon). À noite, os participantes assistiram ao documentário “Florestan Fernandes, o mestre”, de Roberto Stefanelli, seguido de um debate coordenado pelo professor Antonio Henrique Passos de Sousa Santos (Uema Caxias).

O terceiro dia contou com a mesa-redonda “Democracia e Autocracia no Brasil”, com participação dos professores Dr. Bráulio Roberto de Castro Loureiro, Dra. Zulene Muniz Barbosa e Dra. Sabrina Miranda Areco, sob mediação da Profa. Dra. Danielle Ribeiro.

Em suas falas, os debatedores discutiram os desafios da democracia e o pensamento crítico de Florestan sobre as relações de poder. “A autocracia burguesa é um traço estruturante que impede o avanço democrático. Florestan pensa a revolução como um processo histórico”, destacou a professora Zulene.

             

“Florestan fez uma Sociologia militante, engajada, lidando com o empírico e o abstrato”, completou a professora Sabrina Areco.

Já o professor Bráulio Loureiro ressaltou que “a democracia é um terreno vivo para o debate, e a contribuição de Florestan vai além das instituições políticas”.

Na parte da tarde, foram apresentados Grupos de Trabalho (GTs) divididos em três eixos temáticos:

  1. Dinâmicas de Classe, Raça, Gênero e Geração;

  2. Educação e Sociedade: teorias, acesso, permanência e desafios;

  3. Mobilidades Socioespaciais e Cartografia Social, Povos e Comunidades Tradicionais.

O evento foi encerrado com a conferência “Da integração do negro na sociedade de classes à revolução burguesa no Brasil”, proferida pelo Prof. Dr. José da Cruz Bispo de Miranda (UESPI/PPGSC), que refletiu sobre o racismo estrutural e a exclusão histórica da população negra no sistema capitalista: “Depois da abolição, o negro entra sem nada no sistema capitalista, excluído das relações de produção. Vivemos sob um fundamento ideológico de igualdade entre brancos e negros”, destacou.

A atração cultural “Guerreiros do Quilombo” encerrou o evento, celebrando a diversidade e o compromisso das Ciências Sociais com a transformação social.

Por: Emanuel Pereira/Campus Caxias



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