Professor do Campus Caxias apresenta trajetória de grupo teatral em tese de doutorado
Por Assessoria de Comunicação Institucional em 19 de agosto de 2020
Em agosto de 2019 foi defendida, no Curso de Doutorado em História da UNISINOS (Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo/RS), a tese “Em cena, o Grupo Teatral Sombras: o teatro político em Caxias-MA nas décadas de 1980 e 1990”. O trabalho foi defendido pelo professor Elizeu Arruda de Sousa, do Departamento de Letras do Campus Caxias. O objetivo da tese é revelar a trajetória do mais significativo e atuante grupo de arte dramática da cidade de Caxias nos chamados tempos modernos, visando a valorização cultural. De acordo com o professor Elizeu “Em um país em que as memórias se desbotam com facilidade, reconstituir o percurso das ações e atuações artísticas do Grupo Sombras colabora para disseminar o relevante papel que a companhia cênica assume na formação do moderno teatro caxiense e maranhense”.
O pesquisador prossegue: “O Grupo Teatral Sombras (GTS) deixou um legado artístico que ainda hoje se encontra presente no fazer teatral dos atuais grupos cênicos da cidade. Ele possuía como intento realizar o denominado teatro político, pautado no poder conscientizador da arte dramática. Havia a crença de que, por intermédio da encenação de peças com teor de criticidade sociopolítica se poderia promover, junto aos espectadores, o despertar da consciência sobre as mazelas sociais que assolam o país, bem como as práticas políticas nocivas aos desfavorecidos economicamente”.
O Grupo Sombras era composto por jovens afinados com a arte dramática, alguns vinculados a partidos de esquerda. Em seu repertório, textos de autores que contestavam as injustiças sociopolíticas. Entre as peças dramatizadas destacam-se: “A Feira”, de Lourdes Ramalho; “Mundaú, Lagoa Assassinada”, de Pedro Onofre; “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna; “Antígona”, de Sófocles; “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, de Plínio Marcos. Também foram realizados alguns esquetes (peças de curta duração) voltados para a sátira e o protesto.
Durante o carnaval, com o nome “Bloco Trem da Alegria”, o GTS fazia das ruas um espaço de denúncia e reivindicações. “Além das encenações nos palcos o Sombras desempenhava outros papéis e funções socioculturais, dependendo dos momentos circunstanciais, apresentando múltiplas práticas e revelando-se um grupo flexível e versátil na sua atuação cultural”, explica o professor, que também é ator e autor de peças teatrais.
Com o objetivo de reforçar os laços de união e afetividade entre os componentes do Sombras, dois de seus integrantes, os professores Solange Santana Guimarães Morais (Campus Caxias) e Francinaldo de Jesus Morais (SEDUC-MA), recentemente lançaram o concurso de fotografias “Fotos da Amizade”. As fotos deveriam ser postadas pelos componentes no grupo de WhatsApp do Sombras. Os critérios para a escolha da melhor foram: integração, alegria, criatividade, originalidade e apresentar membros do grupo dramático. A foto vencedora registra o momento em que, descontraídos e risonhos, os artistas estavam em um ônibus se deslocando para participarem do Festival Regional de Teatro Amador em Arapiraca- Alagoas.
“Durante sua trajetória cênica (1987-1995), o Grupo Teatral Sombras demonstrou um alto teor de engajamento com suas condutas e realizações artísticas, ancoradas no propósito de formar uma postura de criticidade na plateia. A companhia buscou realizar uma arte que visava contribuir para a suscitação de uma consciência cidadã dos espectadores”, conclui o professor Elizeu.
Por Emanuel Pereira