I Seminário de Estudos Literários é realizado no Campus Caxias


Por em 1 de dezembro de 2022



Foi realizado terça, dia 29, no Auditório Leôncio Magno, do Campus Caxias, o I Seminário de Estudos Literários (SEL), com o tema “A teoria literária e seus desdobramentos na pesquisa”. Palestras, mesas redondas, apresentações no formato de comunicação e exposição de painéis fizeram parte da programação. Os participantes tiveram direito a certificados de 12h. o evento foi organizado pelos professores Dra. Solange Santana Guimarães Morais; Prof. Dr. Elizeu Arruda de Sousa e Profa. Me. Lígia Vanessa Penha Oliveira, do departamento de Letras.

O Prof. Dr. Elizeu Arruda, um dos organizadores, falou: “Eu diria que a questão dos estudos literários sempre resulta no que denominamos. Tudo é resultante de uma boa leitura. Quando você se apropria desses conhecimentos, você deixa de ler  o livro com o olhar de ingenuidade e consegue chegar nas camadas mais profundas do texto. As obras literárias iluminam nossa consciência quando lidas com profundidade”, explicou.

A palestra de abertura foi feita de maneira remota, pelo professor Cristian Javier Lopez (bolsista UEMA/CAPES/Brasil): “Temos que entender a importância da literatura em nossos estudos. Temos a língua como matéria – prima e precisamos ter consciência do poder da palavra. Uma sociedade que não tem essa consciência torna-se manipulável. Como sujeitos inseridos no âmbito universitário, devemos saber qual a aplicabilidade de nossos estudos”, ressaltou.

Para o professor Cristian, o universitário deve ver o espaço que ocupa na Academia como cidadão, qual o sentido dos seus estudos. O resultado de um projeto de pesquisa é geração de conhecimento. Que ele não seja só para concluir uma disciplina, mas que seja levado até a comunidade.

A doutoranda Andressa Silva apresentou “A poética da desaceleração como imaginação utópica em ‘Fahrenheit 451’, de Ray Bradbury”. Para ela, não é fácil definir utopia, que tem muitas facetas, confunde e reúne saberes. Ela assemelha-se à esperança, que nos leva em direção a mudanças. Na obra analisada, os livros são abolidos e a narrativa é conduzida pelo totalitarismo, tendo a velocidade como força negativa. As pessoas não podiam ler ou sentar nas varandas, pois ler e conversar exige tempo tranquilo.

Com o assunto “A formação de leitores a partir do protagonismo negro: uma análise da obra ‘Betina’, de Nilma Nilo Gomes”, a Profa. Esp. Lígia Emanuela Costa Alves mostrou que é essencial discutir aspectos da identidade negra como narrativas importantes para a construção social dos leitores e é preciso ampliar as opções de obras para os jovens. O livro “Betina” é infanto-juvenil e, na análise da professora, o leitor deve ampliar o repertório, para que crianças e jovens não encontrem apenas personagens eurocêntricos e passem a refletir sobre questões como o racismo, por exemplo.

A pesquisadora Valéria Carvalho Santos explanou sobre ‘‘Se um viajante numa noite de inverno’, de Ítalo Calvino: o leitor como protagonista e destinatário da narrativa”. De acordo com ela, muitas teorias não acreditavam na importância do leitor mas, com sua capacidade imaginativa, ele pode construir suas próprias significações. O livro de Calvino se descreve, diz ao leitor como foi construído.

A análise da obra “Inverno em Flor” do escritor maranhense Coelho Neto, foi feita pelo mestrando Marcus Vinícius, sob o olhar da Teoria do Efeito, de Wolfgang Iser.

“Entre linguagem verbal e não-verbal: um olhar sobre as memórias das mulheres de conforto” foi apresentado pela Profa. Esp. Alanessa Nikole. Para ela, hoje os alunos são ligados ao audiovisual e a linguagem escrita tem status de superioridade. Ela explicou que as mulheres de conforto eram abusadas sexualmente durante a 2ª guerra no Japão e guardaram silêncio sobre isso, adotando a linguagem não-verbal

Yasmine Nainne e Silva Cardoso apresentou “Entre Cidades e lugares: a construção do espaço em  ‘A Noite da Espera’ , de Milton Hatoum”. A obra focaliza memórias do narrador, que é o personagem principal. “Conta a história de Martin, que vive exilado em Paris, devido à ditadura militar no Brasil. A representação espacial relaciona-se às vivências do protagonista. Ele reúne anotações para reconstruir lembranças no hoje, tentando se reentender nesse percurso”, ela destaca.

A pesquisa de Erika Albuquerque (FAPEMA/UEMA), intitulada “Cazuza sob a ótica da autobiografia” trata do livro “Cazuza”, do maranhense Viriato Corrêa.  Ela disse que a autobiografia era considerada algo sem importância e o livro de Viriato (que revisita suas memórias) é uma crítica positiva sobre literatura infantil.

A mestranda Ana Cléia Pereira, por sua vez, apresentou a pesquisa intitulada “Literatura Comparada e a imagem dos subalternos: análise da exclusão social em ‘Quarto de despejo: diário de uma favelada’, de Carolina Maria de Jesus, e ‘O Cortiço’, de Aluísio Azevedo”.

Para encerrar as mesas, Max Mateus Moura da Silva, graduando de Letras na UEMA, discorreu sobre a “Abordagem dos recursos linguístico-expressivos na obra da  escritora Silvana Meneses”. Na sequência, ocorreram as apresentações orais feitas por alunos dos cursos de Letras.

Por  Emanuel Pereira.



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